DOZE CONTOS
PEREGRINOS
Gabriel Garcia
Márquez
Tradução:
Eric Nepomuceno
Editora
Record, 1992
No primeiro parágrafo (en el primer párrafo), nos conta Gabo:
Boa Viagem, Senhor
Presidente
Estava sentado no banco de madeira debaixo das folhas
amarelas do parque solitário, contemplando os cisnes empoeirados com as mãos
apoiadas no pomo de prata da bengala, e pensando na morte. Quando veio a
Genebra pela primeira vez o lago era sereno e diáfano, e havia gaivotas mansas
que se aproximavam para comer nas mãos, e mulheres de aluguel que pareciam
fantasmas das seis da tarde, com véus de organdi e sombrinhas de seda. Agora a
única mulher possível, até onde a vista alcançava, era uma vendedora de flores
no embarcadouro deserto. Ele custava a crer que o tempo pudesse ter feito
semelhantes estragos não apenas em sua vida, mas no mundo.